Cecília Meireles nasceu na transição do mundo antigo para a modernidade: no dia 07 de novembro de 1901, em plena virada do século. Órfão de pai e de pai, Cecília foi criada por sua avó, que não permitia, na infância, que a neta brincasse com outras crianças. Uma solidão forçada, mas que acabou se tornando muito frutífera para a autora – despertando a sua paixão pelos livros e estimulando sua imaginação, segundo ela graças a “solidão e ao silêncio”.
Graças ao estímulo a leitura que desenvolveu desde a infância, Cecília formou-se no colegial com “distinção e louvor”, palavras escritas na medalha que recebeu pelo então inspetor da escola, o compositor brasileiro Olavo Bilac. Pouco tempo depois, aos 18 anos, Lançou seu primeiro livro, chamado Espectros. A obra era repleta de poemas abordando temas históricos e mitológicos, contendo personagens como Cleópatra, Maria Antonieta e Sansão e Dalila, retratados em formato de soneto, com bastante musicalidade, melancolia e sob grande influência de poetas simbolistas como Paul Verlaine e Arthur Rimbaud.
Cecília foi pioneira em diversos aspectos na literatura – tanto na linguagem quanto em suas ações. A autora foi a primeira mulher a ter um livro premiado pela Academia Brasileira de Letras, além de ter sido fundadora da primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro, em 1934. Entre os anos 1936 e 1938, Cecília foi professora de Literatura Luso-Brasileira na Universidade do Distrito Federal, além de ter lecionado também Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas. Em 1942, a escritora tornou-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.Cecília sempre foi apaixonada pela expressão artística brasileira, viajando o mundo para dar lecionar sobre a arte e o folclore brasileiro. Seu primeiro marido, Fernando Correia Dias, era um desenhista, pintor e artista plástico português. A união mais tarde aproximaria Cecília Meireles do movimento poético português – cujo Fernando Pessoa era um dos líderes. A aproximação culminou em uma parceria de ilustrações na obra de Pessoa, assinadas pela autora. Uma vez, Cecília Meireles disse que “em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar e nem me espantei por perder.” E foi com esta essência de simplicidade, uma característica forte em sua poesia, que Cecília viveu toda a sua vida, falecendo no dia 9 de novembro de 1964, aos 63 anos, no Rio de Janeiro.
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